A vida íntima das palavras, de Deonísio da Silva, revela delícias das origens e curiosidades da língua portuguesa. Fragmentos:
"Adolescente: do latim adolescens, adolescentis, designando o que cresce, aumenta, queima. O vocábulo radica-se em adolens, ardente. Adolenda era o nome de uma deusa romana, a quem eram queimadas plantas ou vítimas em sacrifício. O fogo ía crescendo rapidamente pela presença do óleo (ad oleum) derramado sobre o altar, exalando odores agradáveis. Já a própria palavra perfume (grifo meu) vem do latim perfumum, através da fumaça, oriunda da queima de folhas secas, madeiras e vítimas oferecidas em sacrifícios. Tais origens mesclaram-se na denominação de adolescência para o período de crescimento algo desordenado do ser humano, compreendido entre os 12 e os 20 anos, quando ocorrem transformações físicas, anatômicas, fisiológicas e psíquicas. (...)"
"Hidroginástica: do grego hýdor, água, e gymnastiké, técnica de exercitar-se nu. Com o passar do tempo e a evolução do vestuário, os ginastas, por pudor e conforto, passaram a vestir-se para praticar os exercícios. (...) É um dos vocábulos que o dicionário Aurélio não registra."
"Livro: do latim liber, tecido condutor da seiva elaborada ou orgânica nos vegetais vasculares; livro, em sua forma libru, passando pelo francês libre e o italiano libro. (...) tem-se como o livro mais antigo do mundo a Bíblia de Gutenberg, impressa em Mainz, na Alemanha, por volta de 1454 (...) . O primeiro livro brasileiro foi Música do Parnaso, poesias de Manoel Botelho de Oliveira, impresso em Lisboa, em 1705."
"Porcelana: do italiano porcellana, vulva de porca. A louça que no século XVI vinha da China e do Japão foi logo chamada de porcelana devido a uma concha, igualmente lustrosa e bonita, que os italianos consideravam semelhante a uma vulva de porca."